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APRESENTAÇÃO

 

Quando, finalmente, resolvi contar um pouco da minha vida, do que fui, do que vivi, jamais tive a pretensão de escrever um “best-seller”, muito menos, concorrer à Academia Brasileira de Letras, mas, sim, atender aos muitos pedidos de familiares, amigos, colegas de trabalho e algumas pessoas que, direta ou indiretamente, acompanharam minha trajetória artística, durante os vinte e cinco anos, dedicados a mais nobre das artes: a música.

Portanto, escrever minha história, é muito mais do que atender a pedidos. É realizar um sonho que, há muito, tinha vontade e, só agora, consigo fazê-lo.

Estou aqui, evitando citar nomes de pessoas, a fim de não cometer injustiças.

Tenham uma boa leitura e, de antemão, agradeço a todos.

Um forte abraço!

GILSON SOBRAL

 

DEDICATÓRIA

 

Dedico este trabalho a uma pessoa muitíssimo especial, que soube, no momento certo e sabe, até hoje, reconhecer, em mim, tudo o que outras pessoas, se recusavam a enxergar. Ela é para mim, tudo e um pouco mais. Falo da minha esposa, sempre amada: EDNA LÚCIA

EM CONSTRUÇÃO

GILSON SOBRAL - UM ARTISTA PERNAMBUCANO

 

 Nascido no dia vinte e sete de julho de mil novecentos e cinqüenta e oito, no finalzinho da década de 50, também conhecida, como os “Anos Dourados”, logo após a conquista do primeiro título da Seleção Brasileira, na Copa do Mundo de Futebol, já encontrei o país em plena euforia, mesmo porque, em meio a tanta influência dos gêneros estrangeiros, como o “Rock” e o “Twist” (as rádios executavam incessantemente, Bill Halley And The Comets, Elvis Presley e The Platters) e, de vez em quando, uma ou outra música brasileira, de artistas como: Orlando Silva, Nélson Gonçalves, Dalva de Oliveira, Cauby Peixoto e Ângela Maria. Estávamos dando os primeiros passos para a criação de um dos mais importantes e louváveis movimentos musicais que o mundo já houvera tomado conhecimento: a “Bossa Nova”. Seus mentores, Antônio Carlos Jobim e Roberto Menescal, contando com o “apoio luxuoso” do Poeta Vinícius de Morais e de iniciantes, mas, grandes intérpretes da nossa música, como: João Gilberto, Carlos Lyra, Nara Leão, Pery Ribeiro, Lúcio Alves, Dick Farney, entre outros, iniciavam um jeito novo de se cantar e tocar o “samba de apartamento”, fugindo dos tradicionais padrões das escolas de samba de então. Esse movimento misturava o samba brasileiro com o tradicional Jazz, norte americano. Nascia, então, um gênero musical que revolucionaria o mundo, tornando-se conhecido e bem executado, até os dias de hoje. Em meados dos anos 60, outros movimentos artísticos e culturais, também surgiam, como: a “Jovem Guarda”, liderada por Roberto Carlos e assessorada, por Erasmo Carlos, Wanderléia, Martinha, Bob Di Carlo, Wanderley Cardoso, Jerry Adriani, Reginaldo Rossi, Ronnie Von, Os Vips, The Fevers, Os Incríveis, Renato e Seus Blue Caps, entre tantos outros que embalavam os jovens adolescentes da época, em suas “jovens tardes de domingo”; A “Beatlemania”, que tinha á frente um dos mais importantes (senão, o mais importante) grupos musicais: Os Beatles, formado pelos quatros “rapazes cabeludos” de Liverpool, John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Star, que viriam para, a partir dali, mudar o comportamento e os costumes de toda uma geração de jovens do mundo inteiro. Suas canções, como: Yesterday, Let it Be, Something, Hey Jude, Help!, Shes Love You, entre outras, tornaram-se verdadeiros clássicos e eram executadas em suas formas originais ou em forma de versões, como ainda são, até os dias de hoje, pelo mundo inteiro, inclusive no Brasil, que tinha como principais intérpretes, “Renato e Seus Blue Caps”; a “Tropicália”, movimento liderado pelos baianos Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé e Torquato Neto, que também sofreu influência dos “Beatles”, fazia parte dessa mudança cultural, que introduziu na Música Popular Brasileira, as “gritantes e distorcidas” guitarras elétricas, através de um não menos importante grupo musical, conhecido como “Os Mutantes”, que tinha como principal vocalista uma desarrumada e sardenta jovem, filha de ingleses, de nome Rita Lee Jones. Um outro grupo baiano que fez parte desse movimento, foi o grupo "Novos Baianos", que era composto pelos iniciantes, Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Baby Consuelo, Dadi, Galvão, Paulinho Boca de cantor, Tom Zé, entre outros. Consolidava-se, então, a era dos grandes festivais de música, promovidos e exibidos por emissoras de televisão, como, a “TV Record” e a extinta “TV Tupi”. A “TV Globo”, não tão conhecida à época, também viria, mais tarde, a promovê-los.

 

Mas, nem só por movimentos culturais o país era movido, surgiam também, situações desconfortantes e bastante desagradáveis, como: espancamentos, torturas físicas e psicológicas, prisões, seqüestros, exílios e, até mesmo assassinatos (inúmeros assassinatos), de artistas, políticos, atores, cidadãos comuns ou quaisquer outros que se dissessem contrários aos padrões e normas, criados pela “lei de segurança nacional”, imposta e regida por uma ditadura militar, nascida através de um golpe de estado, no dia 1º de abril de 1964 (que “eles”, insistem em dizer que foi em 31 de março), onde milhares de famílias tiveram seus entes queridos, covardemente, arrancados, torturados e mortos, sem que se tenham quaisquer notícias, até hoje. Começaram então, a ser compostas canções de protestos, criadas por Geraldo Vandré (Caminhando ou Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores * Disparada * Ventania ou De Como Um Homem Perdeu Seu Cavalo e Continuou Andando * Canção da Despedida...), Chico Buarque (Apesar de Você * Bye, Bye Brasil * Acorda Amor * Meu Caro Amigo * Samba De Orly...), Sérgio Ricardo (Beto Bom de Bola...), Gilberto Gil (Expresso 2222 * Aquele Abraço * Soy Loco Por Ti América...), Caetano Veloso (London, London * Tropicália * É Proibido Proibir...). Era criada no Brasil, a censura à toda e qualquer manifestação contrária à vontade dos militares, que junto com ela criaram, também, um dos mais terríveis e abomináveis órgãos de repressão: o Doe-Code

 

No início dos anos 70, em meio a tantos acontecimentos importantes (nem todos louváveis), nascia em mim, o incontrolável desejo de tornar-me parte dessa tão conturbada história, dando a minha colaboração através da música, uma vez que, deslumbrado pela fama e pelo sucesso, também, sonhava com isso. Afinal, a maioria dos rapazes daquela época, queria ser alvo dos ”brotinhos” de então, de ter seu nome reconhecido, seu fã clube, cantar nos programas de auditório da Rádio Clube e do Canal 2, cruzar em seus corredores  com Kátia Cilene, Carmem Artoni, Luis Carlos Clay, entre tantos outros que, na maioria das vezes, tinham que sair escoltados por seguranças, evitando assim, que tivessem suas roupas rasgadas pelos fãs, que davam “plantão” nas portas das emissoras.

 

Em 1972, aos quatorze anos, iniciei o árduo, mas, prazeroso caminho da música. Deixei de ser platéia e virei palco. Comecei, então, a fazer parte de grupos musicais e a participar de programas de emissoras de rádio e televisão, enfim, “mergulhei de cabeça” no meio artístico, sob os olhares atentos e preocupados dos meus pais que, silenciosos, observavam cada passo que eu dava. Aos poucos eles foram compreendendo os meus anseios, reconhecendo o meu talento e, posteriormente, aceitando a minha opção, passando a ser os meus maiores incentivadores. Como tive um começo artístico, um tanto quanto, precoce, por vezes precisei de várias autorizações, para poder participar de algumas apresentações. Numa dessas apresentações, na “Boate Chantecler”, “zona” do Baixo Meretrício, do Recife Antigo, estava eu, tocando, juntamente com a minha banda, quando sinto uma mão tocar meu ombro, acompanhada de uma voz, que dizia: “vamos pra casa!” Era um vizinho nosso, amigo dos meus pais e também assíduo freqüentador, de “inferninhos” do gênero. De nada adiantou o meu protesto, nem a alegação de que eu estava ali, a trabalho. Fui “arrastado” para casa, onde ao chegar, levei uma tremenda surra, de minha mãe.

 

Atuando em conjuntos musicais, realizei apresentações nos mais diversos e inusitados lugares, onde, de cada um deles, acumulei experiências e tirei vários ensinamentos. Na verdade, foi a minha “escola”, onde convivi com todos os tipos de pessoas, das mais diferentes personalidades. Aprendi muito, nos meus tempos de músico. Aprendi, inclusive, a tocar bateria, por conta de uma “dor de barriga”. Explico: aconteceu num bar de nome “Rainha do Mar”, na Orla de Olinda: estava tocando a minha guitarra, na banda, “Os Bravos”, quando de repente, Adelson, baterista da banda, sentiu-se mal, pois, na noite anterior, havia se alimentado de algum tipo de comida, que não devia estar muito saudável e isso lhe rendeu uma tremenda “dor de barriga”. Ele, então, virou pra mim e falou: “pega aqui a bateria, que não estou agüentando mais”, e levantou-se, correndo em direção ao banheiro. Eu, que nunca houvera executado aquele instrumento, não tive outra escolha, senão sentar-me e tentar tocar. Como sempre tive um bom ritmo, na segunda música eu já estava “desenrolando” a contento. Resultado: quando Adelson, meia hora depois, retornou, da sua “árdua missão”, eu, que já estava  pra lá de empolgado, recusei deixar a bateria, fazendo com que ele, terminasse a apresentação, tocando guitarra, pois, também, era um excelente guitarrista. E assim foi, de bar em bar, de banda em banda, minha trajetória artística.

No ano de 1975, ingressei no conjunto “Os Tártaros”, grupo musical que ficou conhecido, por executar, como ninguém, os sucessos das bandas de então, como: “Beatles”, “Rolling Stones”, “Chicago”, “Pink Floyd”, “Led Zeppelin”, entre tantos outros. Essa “marca”, fazia d’Os Tártaros, o mais requisitado conjunto musical, para tocar em bailes de formaturas, festas de 15 anos e acontecimentos sociais importantes, de Pernambuco e muitos outros estados do Brasil.

 

Em 1976, mais precisamente, numa sexta-feira 13, do mês de agosto, de um ano bissexto, fui tomado por um dos mais dolorosos acontecimentos: o falecimento do meu querido e inesquecível avô: “Seu Zezú”. Ser iluminado e de uma grandeza de caráter a toda prova, sem contar que, na juventude, havia sido músico de orquestras filarmônicas, que atuavam nas cidades de São Caetano e Caruaru (interiores de Pernambuco) e, sem a menor dúvida, foi ele, o meu maior incentivador. Vivemos grandes momentos, os quais lembro com muita saudade e alegria. Mas, mesmo tendo passado por esse período tão conturbado, foi um dos melhores anos que já vivi, dentro da minha profissão, pois, foi quando passei a integrar o “Grupo Som da Terra”, que me rendeu algumas experiências internacionais e uma “bagagem” musical, de valor inestimável. Nessas viagens, tínhamos momentos de muita descontração e humor. Um dos fatos engraçados, se deu quando da ida da banda a São Paulo, para a gravação do Programa Som  Brasil, realizado pela Rede Globo e que, à época, tinha no comando o apresentador Rolando Boldrin: como nesse período do ano, fazia muito frio em São Paulo, pedi à minha irmã, que me emprestasse um casaco seu, que fazia parte do uniforme da Banda Marcial do Colégio de São Bento, da qual ela fazia parte. Ela emprestou, mas, sob infindas recomendações. O referido casaco tinha a cor “amarelo-ouro”. Quando chegamos ao hotel, em Sampa, Kayto, um dos integrantes do grupo, tomou um banho e saiu, sem falar para onde ia. Minutos depois ele voltou, dizendo que havia cortado o dedo, esguichando “sangue”, no tão recomendado casaco de minha irmã, onde ficou uma mancha enorme. Esbravejei com ele, só não o chamei de “santo”. Foi quando aconteceu o segundo esguicho. Então perdi a calma e parti pra cima, disposto a brigar, reclamando muito. Quando fui, mais uma vez, reclamar o estrago, no casaco, não havia mais mancha alguma, apenas o casaco molhado. Foi quando Kayto falou que havia comprado, ali perto, na Casa dos Mágicos, uma tinta que desaparecia, um minuto após a sua aplicação. Então, me acalmei e rimos muito de tudo aquilo. Em 1978, o Grupo Som da Terra, é convidado, pela Itamaracá Produções, a participar do “Trio Elétrico Tropical”, que, posteriormente, se tornaria a “Turma do Pingüim”. Esse novo empreendimento tinha como destaque a sua estrutura, de primeiro mundo, com equipamentos de última geração, adquiridos nos Estados Unidos e na Europa. Enfim, tudo o que um músico almeja, em termos de instrumentos e equipamentos eletrônicos. Foi, para nós, com certeza, uma grande “escola”, lidar com toda essa tecnologia. Integramos o “Pingüim, durante sete anos, quando, em 1985, abrimos o espaço para outras bandas. Nesse meio tempo, mas precisamente, em 1983, juntamente com mais dois sócios, encarei uma nova investida: o“Acochadinho Bar”, no Alto da Sé, em Olinda, me desligando, também do Som da Terra. Inicialmente, funcionávamos de quinta-feira a domingo. Com o passar do tempo e devido à freqüência de um público, cada vez maior, passamos a funcionar, diariamente, sempre com música ao vivo, num revezamento entre os sócios (todos músicos), mais um percussionista, contratado para compor o nosso “cast”. No Acochadinho, vivemos momentos inesquecíveis, pois o mesmo, era freqüentado, por artistas globais, artistas plásticos, músicos renomados, intelectuais, políticos, atletas,  por uma gama imensa de anônimos e amantes da noite e da boa música. Foram tempos de muitas alegrias e experiências adquiridas. No Acochadinho, contávamos, ainda, com duas pessoas que, antes de nossos funcionários, eram dois grandes amigos: “Biu” e “Dario”, que, apesar de serem muitíssimos inteligentes, eram semi-analfabetos, mas contavam com uma presença de espírito, fora do comum. Fato engraçado aconteceu entre os dois: Dario chega no bar, com um saco de carvão, nas costas e pergunta a Biu: - onde coloco o saco de “cauvão”? Ao que Biu responde: - bota aí no “barcão”! Eram essas e outras coisas, que nos fazia aturar os “bêbados chatos”, que habitavam nossas noites-madrugadas. Infelizmente, Biu, já nos deixou há algum tempo, “partindo dessa, pra uma melhor”. Já o Dario, não tenho notícias, há tempos. Essas e muitas outras coisas, faziam as nossas noites mais alegres, nossas madrugadas, mais animadas. Infelizmente, como tudo na vida, tem um final, o Acochadinho fechou suas portas, em 1986, devido a uma liminar judicial, que determinava o fechamento da Cidade Alta de Olinda, limitando o acesso de veículos, apenas para os seus moradores. Com essa decisão, tornou-se inviável a permanência de todo tipo de comércio, no local.

Em meados de 1986, comandado pelos mesmos sócios, nascia, no bairro da Madalena, no Recife, o “Canto & Arte Bar e Espaço Cultural”. Ali, sim, tive a concretização de um grande e antigo sonho: abrir espaço para os “novos”. O Espaço era dedicado aos mais diversos tipos de atividades artísticas, tais como: música, teatro, cinema, exposições de artes, humorismo, entre outras tantas. Lá, funcionávamos de terça-feira a sábado, sempre com a casa lotada, por um seleto público, dos mais variados estilos. Recebíamos, constantemente, grupos de congressistas de todos os estados brasileiros, que após o congresso, realizado, geralmente, em algum grande teatro de Pernambuco, iam se confraternizar no Canto & Arte, permanecendo até altas horas da madrugada, sempre embalados (modéstia à parte) por uma boa música e um refinado atendimento. Lembro-me até de um comentário, feito por um dos meus sócios, quando recebemos, num só dia, dois grupos de congressistas: o primeiro, dos vendedores de um laboratório farmacêutico, que, tinha na sua grande maioria, pessoas de meia-idade; o segundo, por ser o dia da “Comissária de Bordo”, estávamos recebendo um grupo de aeromoças de uma renomada empresa aérea. Quando ele (meu sócio) entrou no bar, deu de cara com os congressistas do laboratório. Como só estava ciente do segundo grupo, ele, vendo algumas mulheres, já com uma certa idade, perguntou, em tom de gozação: “esse congresso é das aeromoças do “14 Bis”? A gargalhada, entre os sócios e alguns amigos próximos, foi geral e incontrolável, deixando os congressistas bastante curiosos, pois, não entenderam o motivo de tanto riso. Foi no Canto & Arte, também, que tivemos o nosso primeiro contato com os integrantes da banda baiana “Chiclete Com Banana”, que, posteriormente, tornaram-se nossos amigos, sempre nos visitando a cada apresentação que faziam em nossa cidade. Lembro-me de uma vez em que ‘Jone’, o guitarrista do grupo, chegou por lá disfarçado, com os seus longos cabelos, “guardados” por baixo de um chapéu e um enorme sobretudo. Só que, por eles estarem sempre, por lá e devido a sua altura, foi logo descoberto pelos fãs, que não o deixaram sossegado, um só minuto. Um outro fato, envolvendo o Chiclete Com Banana, foi quando uma amiga nossa e freqüentadora assídua do bar, chegou a me confessar a sua admiração pelo grupo e o desejo de conhecer todos seus componentes. Foi então que tive a idéia de marcar, com eles, um encontro em que, essa nossa amiga, seria convidada. Então, no dia e hora, marcados, fomos, eu e ela, rumo ao tão esperado encontro. Chegando no hotel em que a banda estava hospedada, fomos informados, que a mesma, por motivos de força maior, havia, há poucas horas, deixado a cidade, mas que o seu empresário, ainda permanecia lá, a fim de encerrar a conta. O gerente do hotel, então, nos perguntou se queríamos falar com ele, ao qual, de imediato, respondemos que sim, pois tínhamos marcado com eles e queríamos saber o verdadeiro motivo do cancelamento. Foi então que ele ligou para o quarto do empresário, conseguindo autorização para subirmos. Chegando lá, ‘Boca’, (era o seu nome), nos pediu muitas desculpas, mas aconteceu um fato inesperado, por motivo de doença, na família de um dos componentes e a banda teve que voltar para Salvador, às pressas. Eu, que já conhecia todo o pessoal, não fiquei tão frustrado, mas, a minha amiga... essa sim, chegou a chorar, munida de máquina fotográfica, bloquinho de autógrafos e caneta. Tentei consolá-la, dizendo que logo, logo, eles estariam de volta à cidade e surgiria uma nova oportunidade de um novo encontro. Quando, desiludidos e decepcionados, estávamos nos preparando para deixar o quarto do hotel, surge, de todos os lados, os integrantes do ‘Chiclete’, fazendo o maior barulho. Resultado: fomos vítimas de uma “pegadinha”, com final feliz. Curtimos alguns bons momentos por lá, retornando, em seguida para nossas casas e para nossas vidas de simples mortais. O Canto & Arte, permaneceu em atividade, até o ano de 1989.

Em 1987, paralelamente, compondo o Canto & Arte, voltei a integrar bandas musicais, desta feita ingressando na “Banda de Pau e Corda”, realizando apresentações por todo o Estado de Pernambuco e por todo o Brasil. Essa experiência “relâmpago”, durou pouco menos de um ano, quando voltei a realizar apresentações-solo, atuando em bares, restaurantes, hotéis e casas de shows. Noventa por cento dos bares e restaurantes das orlas de Olinda, Paulista e Boa Viagem, foram “vítimas” das minhas apresentações. Lembro-me bem quando, certa época, em uma só noite, tocava em dois locais extremos: das 20:00 às 23:00h., no restaurante “Candelária”, situado na Praia de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes; e da ½ noite às 03:00h. da manhã, no “Hotel Amoaras”, na Praia de Maria Farinha, em Paulista. Essas duas praias, distantes, aproximadamente, 40 km, uma da outra. Por vezes, terminada uma apresentação, “voava”, em meu carro, pra outra, chegando a guiar acima de 120 km/h, pondo em risco minha vida e a vida dos que vinham em sentido contrário, tudo em nome de compromissos, que não podia deixar de cumprir. Eram verdadeiras aventuras que, hoje, não aconselho ninguém a fazer o mesmo. Só que o prazer era tanto que, à época, eu não tinha tanta noção dos perigos que corria. Afinal, era tão prazeroso ver tantas e tantas pessoas admirando o meu trabalho, cantando junto comigo, aplaudindo, enfim, reconhecendo e valorizando o meu talento.

 

       

GILSON SOBRAL

Um Artista Pernambucano

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